Menino que nasceu em Escada e cresceu na pacata Bezerros, em Pernambuco, brincando e jogando bola na rua, subindo em árvores, pulando muros e fugindo da mãe para ouvir histórias cantadas nas feiras da cidade, Severino viveu a liberdade de outros tempos.
Era o auge da literatura de cordel - uma mistura de jornalismo rústico e romanceiro da caatinga - que determinou a identidade cultural de gerações de brasileiros. Entre eles, Severino, que teve na forte presença paterna o alicerce de sua formação moral e artística. O pai é o xilogravador Amaro Francisco.
O talento na arte de cortar a madeira vem de família. A mãe, Dona Nena, talha as próprias matrizes. O mesmo acontece com outros parentes. O precursor é o tio J.Borges, o poeta popular que o sobrinho admira e de quem tem orgulho desde pequeno.
Mesmo rodeado pela arte, o menino seguiu outros caminhos. Casou-se aos dezenove anos, parou os estudos no segundo grau e foi trabalhar duro. Exerceu muitos ofícios, de ajudante de pedreiro a funcionário da indústria de plásticos. Com a saúde prejudicada por causa do trabalho, mudou-se para Olinda, em 1996, quando incentivado pelo pai aventurou-se na gravura. Fez dez matrizes, tirou cópias e começou a vender.
O resultado deu esperança ao aprendiz. Depois, o tempo permitiu ao artista amadurecer sua obra.Hoje, Severino domina com habilidade as goivas e suas ferramentas improvisadas a partir de facas afiadas. Seus desenhos não só surgem da imaginação, como são frutos da leitura, da pesquisa, e da observação minuciosa das manifestações populares nas ruas. Com um traço primitivo e de poucos detalhes, consegue dar vida ao folclore do Nordeste. Seu estilo de composição é marcado pelo isolamento das figuras e pelo contraste do preto e branco. Mas a disposição gráfica também lhe permite explorar as cores. Na mesma matriz, pinta as partes distintas do desenho e imprime colorido. Obtém gravuras com texturas diferentes ao utilizar a umburana e o cedro.
Da primeira madeira resulta uma impressão mais fechada, sem marcas, ao contrário da segunda que denuncia suas fibras no papel.Severino é uma exceção entre os gravadores populares porque também se tornou um bom empreendedor. Fez cursos para melhor administrar os negócios e investiu com carinho e sutileza na apresentação dos seus produtos. Em 2005, conseguiu abrir uma loja, na Casa da Cultura de Recife, onde também vende obras de outros artistas e artesãos. Além do papel avulso, suas gravuras estão em azulejos queimados, canecas, pratos, camisetas, chapéus e panôs.
Hoje, Severino participa de congressos e feiras de artesanato em todo o país e seus trabalhos são vendidos nas grandes cidades brasileiras.Esdra Campos - jornalista e pesquisadora do projeto Xilobrasil que visa o mapeamento da xilografia popular brasileira.
Era o auge da literatura de cordel - uma mistura de jornalismo rústico e romanceiro da caatinga - que determinou a identidade cultural de gerações de brasileiros. Entre eles, Severino, que teve na forte presença paterna o alicerce de sua formação moral e artística. O pai é o xilogravador Amaro Francisco.
O talento na arte de cortar a madeira vem de família. A mãe, Dona Nena, talha as próprias matrizes. O mesmo acontece com outros parentes. O precursor é o tio J.Borges, o poeta popular que o sobrinho admira e de quem tem orgulho desde pequeno.
Mesmo rodeado pela arte, o menino seguiu outros caminhos. Casou-se aos dezenove anos, parou os estudos no segundo grau e foi trabalhar duro. Exerceu muitos ofícios, de ajudante de pedreiro a funcionário da indústria de plásticos. Com a saúde prejudicada por causa do trabalho, mudou-se para Olinda, em 1996, quando incentivado pelo pai aventurou-se na gravura. Fez dez matrizes, tirou cópias e começou a vender.
O resultado deu esperança ao aprendiz. Depois, o tempo permitiu ao artista amadurecer sua obra.Hoje, Severino domina com habilidade as goivas e suas ferramentas improvisadas a partir de facas afiadas. Seus desenhos não só surgem da imaginação, como são frutos da leitura, da pesquisa, e da observação minuciosa das manifestações populares nas ruas. Com um traço primitivo e de poucos detalhes, consegue dar vida ao folclore do Nordeste. Seu estilo de composição é marcado pelo isolamento das figuras e pelo contraste do preto e branco. Mas a disposição gráfica também lhe permite explorar as cores. Na mesma matriz, pinta as partes distintas do desenho e imprime colorido. Obtém gravuras com texturas diferentes ao utilizar a umburana e o cedro.
Da primeira madeira resulta uma impressão mais fechada, sem marcas, ao contrário da segunda que denuncia suas fibras no papel.Severino é uma exceção entre os gravadores populares porque também se tornou um bom empreendedor. Fez cursos para melhor administrar os negócios e investiu com carinho e sutileza na apresentação dos seus produtos. Em 2005, conseguiu abrir uma loja, na Casa da Cultura de Recife, onde também vende obras de outros artistas e artesãos. Além do papel avulso, suas gravuras estão em azulejos queimados, canecas, pratos, camisetas, chapéus e panôs.
Hoje, Severino participa de congressos e feiras de artesanato em todo o país e seus trabalhos são vendidos nas grandes cidades brasileiras.Esdra Campos - jornalista e pesquisadora do projeto Xilobrasil que visa o mapeamento da xilografia popular brasileira.