Asa Branca do Ceará, como passou a ser tratado desde muito cedo, nasceu como José Geovaldo Gondim em 29 de julho de 1941, na cidade de Maurití, Estado do Ceará. Filho da dedicada professora de Língua Portuguesa, religiosa fervorosa e poetisa Maria de Lourdes Gondim e do repentista Joaquim Neco de Sousa (Asa Branca de Sousa), de quem herdou o codinome Asa Branca e o dom do improviso.
Viveu no Crato-CE, mas foi na cidade de Monteiro, localizada no cariri paraibano que Asa Branca construiu sua carreira de artista da viola e do repente. Os primeiros versos datam de 1950, ou seja, quando tinha apenas 9 anos, tempo este em que já vendia cordéis na feira. As primeiras cantorias aconteceram por volta de 1956, quando contava com 15 anos.
Chegou a morar em São Paulo entre 1970 e 1984, porém nunca se adaptou à cidade grande e desta forma, voltou para Monteiro (PB). Ao longo da sua trajetória, seja lá no Sertão nordestino, seja em São Paulo, além de repentista e cordelista Asa Branca do Ceará teve inúmeras atividades tais como marceneiro, alfaiate, radialista e até artista de circo e sobre isso ele fala nesta sextilha:
Sou a mistura de artes
Como o pintor faz nas telas
Sou marceneiro, alfaiate
Amante das coisas belas
Tenho tantas profissões
Que me perco dentro delas
Asa Branca do Ceará destacava-se entre os demais repentistas pela beleza da rima e por seu aprofundamento nos temas e desta forma cantou com os grandes da época, como, por exemplo, Ivanildo Vila Nova, os irmãos Batista (Lourival, Dimas e Otácilio), Zé Faustino e finalmente com um dos maiores nomes da poesia popular nordestina, o lendário Pinto do Monteiro, a quem Asa Branca do Ceará consideraria seu segundo pai, dentro da poesia. É de Pinto do Monteiro esse verso feito numa cantoria, cujo tema tratado era a “saudade”:
Esta palavra saudade
Conheço desde criança
Saudade de amor ausente
Não é saudade (é lembrança)
Saudade só é saudade
Quando morre a esperança
Voltando a Asa Branca do Ceará, nestes anos todos (mais de 55 anos de viola) ele participou de palestras em Universidades e de dezenas de festivais de repente, muito comuns entre as décadas dos anos de 1970 e 1990. Escreveu mais de 100 cordéis, sendo os mais famosos os que tiveram como tema:
• A morte de Tancredo Neves (escrito no mesmo dia da morte deste)
• A morte do Padre Cícero
• A vida e morte de Lampião
• A serpente de Brumado
• A filha que matou a mãe
• A morte de Gervásio Santos, em Jequié (BA)
• A Estória de dois bois gigantes na cidade de Monteiro
• Homenagem a Cicí de Filó
• Tempos Modernos (que fala da chegada da internet e sua influência no cordel)
Muitos dos seus trabalhos seguiram seus próprios caminhos, uma vez, que o poeta popular vive do improviso, falta-lhe a prática de manter arquivo e documentação de obras criadas. Alguma coisa fica na memória e a grande maioria nas mãos de quem os adquiriu.
Encontra-se em plena atividade criativa aos 72 anos e ainda mantém por quase 20 anos, dois programas de rádio sobre a cultura popular nordestina. Um deles, chamado Varandão da Fazenda, na cidade de Princesa Isabel (PB), na Rádio Princesa Isabel, 970 AM e o outro é a Viola e a Sanfona, na Rádio FM Imprensa de Monteiro (PB).