Como nasceu o Projeto

Ano de 2011. Mês de outubro. Pela primeira vez em 25 anos, Asa Branca tomou coragem e veio nos visitar. Veio conhecer a cidade que escolhemos pra viver: Campinas.

Eu já visitava o velho Asa Branca com certa frequência. Afinal, se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé. Sempre que possível lá estava eu, na minha cidade natal, que já foi Alagoa do Monteiro e hoje apenas Monteiro. Localizada no Estado da Paraíba, no Sertão do Cariri, nascida aos pés da Serra do Jabitacá. Berço de grandes poetas e artistas, Monteiro foi a cidade escolhida por Asa Branca do Ceará para fincar suas raízes.

Numa das minhas últimas idas por lá, final de 2010, fiz o convite para que ele tomasse coragem e viesse nos visitar. E não é que ele veio mesmo? E em grande estilo!

Conseguimos uma porta de entreaberta na Livraria Cultura, através da coordenadora de eventos Karen Elizabeth e lá conhecemos Paula Negrão, uma contadora de história das boas. Bem, daí foi questão de tempo e tato e lá estávamos nós: Eu, Asa Branca e Paula Negrão, apresentando nossos cordéis para a criançada. O dia? 15 de outubro. Um sábado.

De noitinha fechamos com chave de ouro. Um velho novo amigo nosso, Cesar Penteado tinha um bar. Empório São Gabriel era o nome. Nome de Santo! Só podia ser! Fizemos uma cantoria de pé de parede, como se faz lá no nosso interior nordestino. Dois cantadores: Asa Branca do Ceará e seu parceiro Almiro. Duas violas, muito improviso, amigos e familiares em volta e os frequentadores do bar sem entenderem muito do que se tratava, era algo tão diferente.

Aos poucos, foram se aproximando, compreendendo que aquilo ali era a mais pura arte do improviso a serviço da diversão e da cultura.

Numa mesa em frente aos cantadores, uma bandeja, como se faz nas autênticas cantorias de pé de parede e dentro dela, notas e mais notas de reais, de diversos valores, deixava claro o quanto aquela cantoria estava agradando aos novos fãs desta modalidade popular nordestina. Eram médicos, advogados, administradores de empresas, profissionais de marketing, estudantes, garçons, enfim, todos contemplando a arte do meu querido velho pai: Asa Branca.

Dois anos depois, eis que realizo um sonho de menino: trazer a autêntica Cantoria de Repente e a minha Literatura de Cordel para um local destaque, e logo numa metrópole de grande importância, como é Campinas. 

O De Repente é Cordel é um Projeto que resgata um nordeste que poucos campineiros conhecem. Certamente encantará os amantes das manifestações populares, os estudantes de cursos ligados à comunicação e as artes e todo aquele que trabalha e admira uma arte feita com amor e honestidade.

Sejam bem vindos ao De Repente é Cordel.